Bom, depois de ficar sem escrever no blog por alguns meses, eis minha opinião a respeito dos rolezinhos, um assunto que anda gerando muita polemica:
Os roles
são um encontro popular entre os jovens e adultos que em sua grande maioria
fazem parte de famílias de baixa renda; famílias essas que são alvo frequente de propagandas, cujas quais além de venderem bens de consumo,
também vendem idéias e perspectivas.
Frequentemente, as pessoas de baixa renda
almejam um estilo de vida igual ou similar aos que possuem alta renda, como é o
caso das pessoas pertencentes a classe média e a classe alta.
Nessa sociedade
das aparências e do consumismo, você é o que você compra e possui, e é
respeitado por tal.
Ter é ser, infelizmente.
Os pobres associam que a posse de
bens materiais é sinônimo de respeito, sucesso e felicidade, como tal é anunciado nas propagandas através dos meios de comunicação em massa (*ps: leiam mais
sobre Industria Cultural), e por isso desejam copiar ou até mesmo aderir a tal
estilo de vida.
Dito e feito, os pobres frequentemente gastam sua renda em bens
de luxo (carros de luxo, iphones, roupas de grife, joias de ouro e prata,
etc...), justamente para tentar imitar esse estilo de vida que a propaganda
vende, promove e promete ser o caminho para uma vida feliz e glamourosa, onde finalmente
eles irão ser respeitados depois de tanta discriminação e segregação social
exercida pelos ricos e endinheirados, que não se importam de fato com os menos
afortunados.
Sim, por mais que você não consiga (ou não queira) enxergar, existe de fato uma discriminação e segregação social no Brasil e no mundo.
Por experiencia própria, já vi gente branca e rica fazendo o seguinte comentário quando eu estava andando pelo shopping: ''Ihh, só tá negada aqui (no shopping) ''
Por experiencia própria, já vi gente branca e rica fazendo o seguinte comentário quando eu estava andando pelo shopping: ''Ihh, só tá negada aqui (no shopping) ''
É difícil acreditar que em pleno século 21 existam pessoas com essa mentalidade. Triste.
Por mais que seja contraditório os pobres comprarem bens de luxo
ao invés de investirem em oportunidades e benefícios a longo prazo, é algo que
realmente acontece e torna muitos cidadãos pobres em vitimas da Industria
Cultural, que no fim das contas, é apenas mais uma forma dos afortunados
tirarem lucro em cima do consumismo em massa que os meios de comunicação
induzem.
Os pobres querem viver com a mesma qualidade que os ricos vivem, o que é completamente compreensível, porém, ao tentar imitar esse estilo de vida (de luxo e ostentação), os pobres se tornam cada vez mais pobres e os ricos se tornam cada vez mais ricos, já que os donos das industrias e meios de comunicação são os que lucram em cima do consumismo.
No fim, os únicos que saem ganhando com o consumismo são os ricos, os banqueiros (aqueles que escravizam milhões através da divida contraída pelos empréstimos feitos ás massas para comprar bens e artigos de consumo), os empresários e corporativistas (pela venda e produção dos bens) e os políticos (que deixam o povo passivo e ignorante para servir os interesses das classes dominantes, ou seja, os políticos são os agentes da ''maquina politica'' do capital)
Outro aspecto importante do consumo entre as pessoas menos afortunadas
é a questão do status e ostentação que os bens de consumo aparentam agregar ao
individuo que os possui.
De acordo com a mentalidade ''scarfaceiana'', dinheiro é luxo, luxo é
poder e poder é mulheres. Logo, quem tem luxo ''pega''
qualquer mulher, e isso impõe respeito dentre os círculos socais.
''Fulano
pegou 14 hoje, o cara é foda''... Essa pressão de ter sucesso com mulheres
frequentemente leva os homens a acreditarem que é necessário produtos de marca, um carro importado e joias para conquistar as mulheres e ser um cara ''fodão'' dentro do grupo de amigos.
Esse é o tipo de
comportamento machista e retrogrado que afeta a sociedade em larga escala. O
numero de mulheres que você transa é sinônimo de quão bom você é, por mais que
você não faça absolutamente nada para melhorar a vida daqueles a sua volta.
Concepção falha e descartável.
Outra: as redes sociais, como o Facebook e
Whatsapp são uma marca de sociabilidade; você TEM QUE TER uma rede social,
senão você não é ninguém. Começou com os poucos que tinham acesso a essa rede
(geralmente ricos) até ''orkutizar'' (que é o termo elitista para popularizar
algo). É através dessas redes que os jovens podem organizar encontros e rolês,
e muitas outras coisas.....
Vale lembrar: redes sociais podem tanto aproximar como afastar as pessoas, tudo depende da sua atitude em relação a rede social e o que você vai fazer fora dela; e infelizmente, muitos acabam se isolando na rede social.
Não é a toa que é previsto que um dos maiores males no futuro será a depressão....
Não é a toa que é previsto que um dos maiores males no futuro será a depressão....
Novamente: esse tipo de mentalidade é espalhada na
sociedade como um vírus, que contamina e reproduz através do contagio de outros
seres. Homofobia, machismo, racismo, intolerância religiosa....todas essas
ideias são frequentemente disseminadas na sociedade e afeta o comportamento das
pessoas, para pior.
Afirmo ainda: as pessoas não são ''ruins por natureza''; as
pessoas não são más, elas são ignorantes. Ao menos, ignorantes o suficiente
para não perceberem como as elites manipulam o comportamento da sociedade com um
todo em vista dos interesses e idéias das próprias elites, que também são
ignorantes por acharem que os bens fazem o homem.
A diferença entre as elites e
as massas é que as elites são espertas e sabem como manipular as pessoas para
que essas, conscientemente ou não, sirvam aos interesses das classes dominantes.
As próprias elites e classes mais abastadas zombam do povo que participa dos
rolês. O que as elites e os abastados não percebem é: o povo do rolê é uma
mimica das próprias elites.
Se você ri do consumismo dos pobres (que é
influenciado pela TV e propaganda), apenas olhe para o seu estilo de vida, e
verá que não há diferença alguma; a unica diferença talvez é que os pobres tem
de ralar para poder comprar bens inúteis que a burguesia vende e anuncia na
televisão, você não.
Em suma: A sociedade é um reflexo do que ela mesma produz.