terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Rolezinho

Bom, depois de ficar sem escrever no blog por alguns meses, eis minha opinião a respeito dos rolezinhos, um assunto que anda gerando muita polemica: 

Os roles são um encontro popular entre os jovens e adultos que em sua grande maioria fazem parte de famílias de baixa renda; famílias essas que são alvo frequente de propagandas, cujas quais além de venderem bens de consumo, também vendem idéias e perspectivas. 

Frequentemente, as pessoas de baixa renda almejam um estilo de vida igual ou similar aos que possuem alta renda, como é o caso das pessoas pertencentes a classe média e a classe alta. 

Nessa sociedade das aparências e do consumismo, você é o que você compra e possui, e é respeitado por tal. 

Ter é ser, infelizmente. 

Os pobres associam que a posse de bens materiais é sinônimo de respeito, sucesso e felicidade, como tal é anunciado nas propagandas através dos meios de comunicação em massa (*ps: leiam mais sobre Industria Cultural), e por isso desejam copiar ou até mesmo aderir a tal estilo de vida. 

Dito e feito, os pobres frequentemente gastam sua renda em bens de luxo (carros de luxo, iphones, roupas de grife, joias de ouro e prata, etc...), justamente para tentar imitar esse estilo de vida que a propaganda vende, promove e promete ser o caminho para uma vida feliz e glamourosa, onde finalmente eles irão ser respeitados depois de tanta discriminação e segregação social exercida pelos ricos e endinheirados, que não se importam de fato com os menos afortunados. 

Sim, por mais que você não consiga (ou não queira) enxergar, existe de fato uma discriminação e segregação social no Brasil e no mundo.

Por experiencia própria, já vi gente branca e rica fazendo o seguinte comentário quando eu estava andando pelo shopping: ''Ihh, só tá negada aqui (no shopping) ''

É difícil acreditar que em pleno século 21 existam pessoas com essa mentalidade. Triste.

Por mais que seja contraditório os pobres comprarem bens de luxo ao invés de investirem em oportunidades e benefícios a longo prazo, é algo que realmente acontece e torna muitos cidadãos pobres em vitimas da Industria Cultural, que no fim das contas, é apenas mais uma forma dos afortunados tirarem lucro em cima do consumismo em massa que os meios de comunicação induzem. 

Os pobres querem viver com a mesma qualidade que os ricos vivem, o que é completamente compreensível, porém, ao tentar imitar esse estilo de vida (de luxo e ostentação), os pobres se tornam cada vez mais pobres e os ricos se tornam cada vez mais ricos, já que os donos das industrias e meios de comunicação são os que lucram em cima do consumismo.

No fim, os únicos que saem ganhando com o consumismo são os ricos, os banqueiros (aqueles que escravizam milhões através da divida contraída pelos empréstimos feitos ás massas para comprar bens e artigos de consumo), os empresários e corporativistas (pela venda e produção dos bens) e os políticos (que deixam o povo passivo e ignorante para servir os interesses das classes dominantes, ou seja, os políticos são os agentes da ''maquina politica'' do capital)

Outro aspecto importante do consumo entre as pessoas menos afortunadas é a questão do status e ostentação que os bens de consumo aparentam agregar ao individuo que os possui. 

De acordo com a mentalidade ''scarfaceiana'', dinheiro é luxo, luxo é poder e poder é mulheres. Logo, quem tem luxo ''pega'' qualquer mulher, e isso impõe respeito dentre os círculos socais. 

''Fulano pegou 14 hoje, o cara é foda''... Essa pressão de ter sucesso com mulheres frequentemente leva os homens a acreditarem que é necessário produtos de marca, um carro importado e joias para conquistar as mulheres e ser um cara ''fodão'' dentro do grupo de amigos.

 Esse é o tipo de comportamento machista e retrogrado que afeta a sociedade em larga escala. O numero de mulheres que você transa é sinônimo de quão bom você é, por mais que você não faça absolutamente nada para melhorar a vida daqueles a sua volta. Concepção falha e descartável. 

Outra: as redes sociais, como o Facebook e Whatsapp são uma marca de sociabilidade; você TEM QUE TER uma rede social, senão você não é ninguém. Começou com os poucos que tinham acesso a essa rede (geralmente ricos) até ''orkutizar'' (que é o termo elitista para popularizar algo). É através dessas redes que os jovens podem organizar encontros e rolês, e muitas outras coisas..... 

Vale lembrar: redes sociais podem tanto aproximar como afastar as pessoas, tudo depende da sua atitude em relação a rede social e o que você vai fazer fora dela; e infelizmente, muitos acabam se isolando na rede social.

Não é a toa que é previsto que um dos maiores males no futuro será a depressão....

Novamente: esse tipo de mentalidade é espalhada na sociedade como um vírus, que contamina e reproduz através do contagio de outros seres. Homofobia, machismo, racismo, intolerância religiosa....todas essas ideias são frequentemente disseminadas na sociedade e afeta o comportamento das pessoas, para pior. 

Afirmo ainda: as pessoas não são ''ruins por natureza''; as pessoas não são más, elas são ignorantes. Ao menos, ignorantes o suficiente para não perceberem como as elites manipulam o comportamento da sociedade com um todo em vista dos interesses e idéias das próprias elites, que também são ignorantes por acharem que os bens fazem o homem. 

A diferença entre as elites e as massas é que as elites são espertas e sabem como manipular as pessoas para que essas, conscientemente ou não, sirvam aos interesses das classes dominantes. 

As próprias elites e classes mais abastadas zombam do povo que participa dos rolês. O que as elites e os abastados não percebem é: o povo do rolê é uma mimica das próprias elites. 

Se você ri do consumismo dos pobres (que é influenciado pela TV e propaganda), apenas olhe para o seu estilo de vida, e verá que não há diferença alguma; a unica diferença talvez é que os pobres tem de ralar para poder comprar bens inúteis que a burguesia vende e anuncia na televisão, você não. 

Em suma: A sociedade é um reflexo do que ela mesma produz.