quinta-feira, 23 de julho de 2015

''Cidadãos de Bem''

Os ''cidadãos de bem'' e aqueles que os exaltam me faz lembrar dos relatos sobre os fariseus da época de Jesus:

Moralistas que pregavam obediência absoluta à lei (por mais que eles mesmos violassem as leis e a moral quando conveniente, tipo falsificando documento, furando fila, sonegando imposto, mentindo, violando leis de transito, usando entorpecentes enquanto condena outros entorpecentes, etc.), acusavam os outros de falta de moralidade, vagabundagem, corrupção e maldade e fechavam seus olhos para a situação das outras pessoas quanto seres humanos, por mais que o crime que essa pessoa tenha cometido fosse um crime grave.

Apontavam os dedos para todos e brandiam com orgulho que eram ''fiéis cumpridores da Lei'' e se consideravam o ''topo do top'' ao mesmo tempo que vestiam uma falsa aparência de humildade....

Viam maldade, injustiça, corrupção, impureza, desonestidade e hipocrisia em tudo, exceto em si mesmos.

E porque? Porque são ''cidadãos de bem''!

Os ''cidadãos de bem'' de hoje são os mais hipócritas: defensores da moral que eles mesmos quebram quando conveniente a seus próprios interesses e vontades.

Se orgulham da mascara ao mesmo tempo que a condenam.

Não é mais verdadeiro e honesto admitir que TODOS NÓS (sim, isso me inclui) somos hipócritas, falsos, fracos, falhos, frageis e ignorantes?

Que todos nós usamos mascaras e que não há nada inerentemente errado nisso?

Não é mais honesto admitir de uma vez que nenhum de nós somos, pelo menos na integralidade, honestos?

O que você prefere, um bêbado sincero ou um hipócrita sóbrio?

Um bêbado sincero não hesita em mostrar o verdadeiro teor dele, por mais irritante, danoso, cruel e desconfortável que o seja.

O hipócrita vai saber se controlar e controlar as palavras, embora não seja honesto no que dirá.

Ser sincero e honesto é sempre algo bom? Mentir é algo necessariamente ruim?

Admita, ninguém pode (e as vezes até nem deve) ser honesto e sincero o tempo todo.

Quem se coloca em um pedestal está fadado a ser derrubado, muitas vezes pelo peso de suas próprias burrices e contradições.

Não é mais honesto admitir que não precisamos de um pedestal?

Para que preciso um pedestal?

No fim todos nós iremos morrer de qualquer maneira, nosso planeta será engolido pela supernova que irá se tornar o Sol e tudo não vai fazer a menor diferença no final.

Mas enquanto vivemos é que importa o que fazemos.

Porque não viver uma vida mais honesta, admitindo para nós mesmos que da missa não sabemos a metade? Que somos ignorantes? Sendo honestos sobre nossa própria desonestidade?

Fácil é julgar o próximo. Difícil é entende-lo.

Quando apontamos um dedo, três se voltam contra nós mesmos.

Entendo o porque muitas pessoas, às vezes, apelam à desonestidade e atos que são considerados imorais, por mais que EU talvez ache errado.

E também não me impressiona que as pessoas venham a cometer atitudes dessas, especialmente quando levamos em conta as circunstâncias e a história da pessoa.

Mas eu entendo, ou pelo menos tento entender...

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Consequencialismo vs. Deontologia

Depois de um breve estudo sobre Ética, cheguei a seguinte conclusão:

Um deontólogo é alguém que joga no lixo a ética (questionamento da moral) e está cagando e andando com as consequências de suas condutas, visto que um deontólogo mede a conduta em si, e não as consequências decorrentes dela.

''Obedeça! Por mais que pessoas morram, obedeça! Obedeça a conduta que consideramos como INERENTEMENTE certa! Caso contrário, você estará agindo de forma errada e portanto injusta!''

Não obstante, governos totalitários, autoritários e conservadores tendem sempre a serem....deontologicos. Justamente porque você DEVE obedecer ordens, por mais que você ache elas injustas na situação. Afinal, são INERENTEMENTE certas ou erradas.

E por conveniência, quem questionar é preso, torturado e/ou morto, por ser considerado um ''inimigo público, agitador, terrorista e imoral''

Diferentemente, um consequêncialista - posicionamento que eu adoto - DEVE medir as consequências de seus atos.

Ou seja, o que importa não é o ato em si, mas a finalidade e a razão por trás do ato. Justamente por isso desconsidero que QUALQUER ação, por mais cruel e horrível que possa nos parecer (tipo tortura) não é INERENTEMENTE errado.

O que NÃO significa dizer que eu, Daniel, não ache tortura algo errado e que não deveria ser feito, em especial por parte da polícia e do Estado.

A ideia é justamente entender que em determinadas situações, contextos e circunstâncias, atos que para nós podem parecer intoleráveis DEVEM ser tolerados. Quer um exemplo? Leia o Caso dos Exploradores de Caverna.

Você realmente condenaria à morte alguém que, passando fome em um acidente numa caverna, canibalizar um corpo porque as leis e morais do seu pais assim ditam?

Canibalismo é algo certo ou errado?

Vê o problema em considerar condutas como ''inerentemente certas ou erradas''?

Vê o problema em considerar uma moral inerente e absoluta?

Por isso defendo que o mais sensato é ser um niilista moral; o que NÃO SIGNIFICA que uma pessoa não possa construir um código de conduta. Um niilista moral apenas afirma que NÃO EXISTE MORAL INERENTE AO SER HUMANO.

Legalidade e moralidade não se confundem com justiça.

Justiça é um valor positivo e desejável que damos à condutas humanas.

Moralidade e legalidade são coerções, proibições ou permissões socio-políticas.

E ainda adoto o pensamento utilitarista, que embora TENHA SIM falhas, até agora, é o melhor sistema ético que eu conheço: suas atitudes devem ser tomadas de tal forma que traga o máximo de resultados positivos para ao maior numero de pessoas possíveis.

Sim, isso inclui em eu aceitar a ideia de matar uma pessoa inocente para salvar outras 10 pessoas inocentes. Ou então de, por exemplo em uma situação de guerra, matar 10 soldados para salvar um médico que pode salvar mais de 10 pessoas, seja no campo de batalha ou em um hospital de campo.

Seja direta ou indiretamente, suas decisões DEVEM beneficiar o maior número de pessoas o possível.

O pensamento utilitário deve considerar sempre quantidade e/ou qualidade quando não são mutuamente exclusivas, afim de trazer o máximo de resultados positivos para o maior numero de pessoas o possível.

Mato 10 psicopatas ou salvo uma pessoa que nada fez? Mato um psicopata ou salvo 10 pessoas que nada fizeram?

Porém, também defendo que dilemas morais são situações pessoalmente miseráveis e devemos fazer o melhor para evitar tais situações.

Porém, em um caso desses, não é possível resolver através da moralidade: devemos ser utilitários.

E porque? Ora, se é um dilema moral, é porque a moral está se conflitando, e se está conflitando-se, não podemos resolver o caso usando-a!

Para evitar casos como esse, faça de tudo para evitar o litígio entre pessoas.

E se houver litigio, tente soluciona-lo da maneira mais rápida, eficiente e utilitária o possível.

E caso não consiga resolvê-lo, tente retardar ou diminuir ao máximo os efeitos negativos.

Em caso de dilemas morais (salvar um em detrimento do outro), seja utilitário.

Diante de tudo o que foi exposto, só posso concluir isso:

Escondendo-se por trás de uma máscara moral que facilmente pode ser quebrada e refutada numa situação prática, um deontólogo te diria para não mentir, mesmo se isso trouxesse a morte de 100 pessoas, porque mentir é ''inerentemente errado''.

Por isso sou um niilista moral, consequencialista e utilitário.

Vale frisar: não o sou por defender que eu sou ''uma pessoa boa, justa, moral e altruísta''. Sou uma pessoa MUITO individualista. A questão é, meu individualismo CONSEQUENCIALMENTE e curiosamente traz muitos benefícios para muitas pessoas.

É do meu melhor interesse ver outras pessoas se dando bem. Tenho muito a ganhar com isso.

Quem conhece meu posicionamento político sabe do que eu estou falando.

Se você ainda acredita em códigos morais inerentes e absolutos, só lamento. Refutem-me.