Estou de saco cheio de gente que usa como ''argumento'' em debates a seguinte falácia: ''é de esquerda mas toma coca-cola, é de esquerda mas tem iphone, é de esquerda e tem casa própria, é de esquerda e tem propriedade privada, é de esquerda e.......'', e após todos esses ''é de esquerdas'' ridículos, ainda, como ''argumento'', te mandam ir morar na Coreia do Norte ou em Cuba para ver como é bom ter um governo de esquerda.
Para começo de conversa, aonde está escrito que quem é de
esquerda é necessariamente contra propriedade privada, contra o capitalismo
como um todo, é contra iniciativa privada e é contra a existência de serviços
privados?
Por favor, me ilumine! Estou muito curioso para saber aonde
está escrito e especificado isso.
Se você é um COMUNISTA (que se enquadra na parte da
extrema-esquerda) aí sim você é contra propriedade privada, iniciativa privada,
a existência de um estado coercitivo (um dos princípios da anarquia) e a
existência de classes sociais.
Porém, muitas pessoas se esquecem, ou não querem enxergar,
que dentro da esquerda política existem MUITAS outras correntes de pensamento,
como por exemplo: a social-democracia, o liberalismo social, o socialismo, o
socialismo libertário, o anarco-sindicalismo, politica verde, o próprio
comunismo e o socialismo cristão.
Tachar todos que são de esquerda de comunistas, falar que
quem é de esquerda tem que fazer voto de pobreza e mandar ir morar em Cuba é
bem fácil para aqueles que nem sequer pegaram em um livro de ciências politicas
e historia para estudar as correntes politicas e bem mais fácil para garantir
os interesses das classes econômicas mais avantajadas e abastadas.
Em uma democracia de verdade é necessário que existam os
contraditórios, as teses e antíteses dialéticas e as opiniões divergentes, caso
contrário, ou se trata de uma tirania da maioria, ou de um regime autoritário;
e a experiencia mostra que tais governos resultam no mesmo fim: fracasso.
Se todos que são de esquerda morassem em uma ilha isolada no
meio do Caribe, não haveria nenhuma oposição contra aqueles que querem um país
onde não existem direitos e leis trabalhistas para garantir a dignidade do
trabalhador comum MESMO dentro do sistema capitalista, o trabalhador seja
oprimido com jornadas de trabalho excessivas e abusivas, crianças e mulheres
grávidas trabalhem cargas esmagadoras, serviços públicos deteriorados em prol
de serviços privados do qual poucos terão acesso (somente aqueles que pertencem
ás classes avantajadas), minorias sociais sejam marginalizadas e reprimida por
um governo que favorece somente ás elites econômicas e a cultura que ela
reproduz usando os meios de comunicação em massa dentro dessa verdadeira
Indústria Cultural.....e que provavelmente tenha como governo uma ditadura
autoritária, elitista, tradicional e fascista, que seja 'liberal' para os
corporativistas explorarem economicamente o povo a vontade e repressiva em
questões sociais, sobretudo quando se trata dos pobres, dos miseráveis e dos
oprimidos.
É exatamente isso que grande parte da direita política
(embora, claro, nem todos da direita querem isso, e muitos deles lutam contra
isso), pelo menos aqui no Brasil, quer: um pais ditatorial, autoritário,
repressivo, onde os interesses do capital sejam maiores que a dignidade da
pessoa humana, dos direitos humanos e do bem estar da sociedade como um todo.
Pior que um governo ditatorial que queima livros, é um povo
que não lê livros e toma atitudes e posicionamentos ditatoriais, pois assim não
há necessidade do governo impor-se através de um tirano, já que o próprio povo,
alienado e massificado, tornam-se os tiranos dentro de uma democracia.
A pior ditadura é
aquela na qual o próprio povo exercita, seja por ignorância ou por malícia.
A pior ditadura tem as aparências de uma democracia, exercida
por um povo alienado e submisso aos interesses das elites econômicas
dominantes.
Concluindo: ser de esquerda é algo bem mais amplo do que
querer uma ditadura do proletariado e uma economia planificada por um estado
autoritário. Ser de esquerda é algo muito mais complexo do que apenas uma linha
de pensamento dentro da esquerda política. Nunca, para entender de um assunto,
qualquer assunto, considera-se a parte pelo todo.
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