sábado, 23 de agosto de 2014
Conservadorismo, Humor e Vitimismo
Virou modinha alegar que a classe média e a classe alta estão sendo oprimidas por politicas assistencialistas, por politicas afirmativas, pelo discurso politicamente correto, por leis trabalhistas, por leis ambientais, pelo respeito ( o pouco que temos) aos direitos humanos (ou como eles gostam de chamar ''Direito de bandido'' ou como gostam de falar: ''Direitos humanos para humanos direitos'') e a dignidade da pessoa humana, pelo ''estado malvadão'', por ''impostos abusivos'' que os ricos mal pagam (isso quando não sonegam)
E depois do vitimismo todo, chega a hora de defender a boa, velha, tradicional e falha ''meritocracia''; aquele tipo de meritocracia elitizada pelas classes sociais mais avantajadas (as mesmas que são contra politicas afirmativas que visam democratizar o acesso a trabalhos que geram uma renda melhor, especialmente para os menos favorecidos).
Falar daquela falsa concepção de ''seu sucesso financeiro depende somente e tão somente do seu esforço'' é fácil para economistas da grande mídia (tipo Rodrigo Constantino) quando não são eles que suam debaixo do sol ardente numa lavoura com pouca ou nenhuma chance de sair desse estilo de vida, enquanto ganha milhares de reais para falar coisas absurdas, ignorantes e completamente elitistas.
Também chega a hora de usar da liberdade de expressão (ironicamente garantida pelos direitos humanos) para fazer humor politicamente incorreto (que, na grande parte do tempo, nada mais é do que preconceito legitimado através do humor e da liberdade de expressão) e formar opiniões racistas, homofóbicas, machistas e que veiculem diversos tipos de pensamentos preconceituosos, sobretudo contra grupos minoritários em nossa sociedade.
Prova disso? Quantas piadas de branco você conhece? De heterossexual? De ricos? Mas todos conhecemos piadas de negros, gays, pobres, etc.
O humor pelo humor não possui crítica ou alguma função social que vise melhorar a convivência social ( o que é de interesse de todos nós, em verdade).
São apenas risadas secas e sem nenhum direcionamento critico que faça as pessoas pensarem e refletirem.
Um humor ignorante para pessoas ignorantes, do jeito que as elites gostam.
Alguns podem levar piadas preconceituosas na brincadeira, mas muitos outros (sobretudo o pessoal das classes abastadas) adotam o pensamento preconceituoso contido na piada.
Esse é o grande problema.
De fato, os que menos têm a reclamar são os mais escutados; e os que mais têm a reclamar são ignorados.
Podemos ouvir claramente as vozes dos que dizem estar sendo oprimidos, e não escutamos as vozes dos que realmente são oprimidos (frequentemente pelos que dizem estar sendo oprimidos)
Vitimismo das elites: tão insano e exagerado que poderia até virar humor.
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